segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O Surrealismo Paulistano


Não, não me refiro aos trabalhos surrealistas exibidos ou feitos na capital... me refiro a arte surrealista vivida. Me refiro a entrar no ambiente surrealista e viver sua inconsciência artística. Quanto algo não rotineiro se torna uma experiência imemorável. É assim que me sinto todas as vezes que vou para São Paulo. Ao menos nos últimos dias tem sido assim. Não existe um raciocínio concreto, não tenho lembranças exatas, minha atitudes e experiências se perdem nessa surrealidade... aconteceu mesmo? Estou mesmo vivendo essas coisas? Até onde minha mente me engana e brinca com meus sonhos? Até onde eu posso ir? E como posso saber que é seguro? Não posso mais confiar em minha mente... logo, nem em minhas atitudes... em que confiar?
Estou confuso... os dias passam lentos demais... nada nunca é produtivo... me vejo numa prisão... não física, mas mental... todas as tarefas ficam de lado, minha alma me chama de algum lugar distante, onde eu não posso ir. Peço ajuda mais ninguém ouve. Preciso fazer minhas tarefas... era isso que deveria estar fazendo... mas não consigo... a culpa me consome. A culpa de não tomar atitudes, de não ser diligente. O que eu estou fazendo com a minha vida? O que eu quero na minha vida? As respostas estão sobrevoando na minha mente... me recuso a olhar para elas... me recuso a aceitar minha própria natureza e destino. Existe destino? Existe natureza? O que existe? Eu existo. Apesar de não ser uma afirmação completa e concreta, posso dizer que seja o que for que está pensando, um corpo, uma mente, um nome, existe, e está aqui, com pensamentos, sentimentos, e o que quer que o homem tenha criado para explicar o inexplicável... palavras não passam de um jogo. Muitas vezes cruel e sarcástico. Durante os anos nossa evolução foi pontuada pela capacidade cada vez mais admirável de se comunicar e relacionar. Tudo em vão, tudo sem necessidade. Qual seria a diferença na Terra se não existe a Bíblia ou Jesus? A TV ou o rádio? Como provar que essa nossa evolução é mesmo uma evolução? Compreender nossa existência e nosso mundo é mesmo necessário? Porque perdemos tanto tempo? Porque? Agora estou preso, preso em minha mente, preso nesse mundo criado por malucos. Malucos que tentam descobrir o que deveria apenas existir. Malucos que vão tão fundo que descobrem as causas da própria extinção. Malucos que não desistem de procurar a imortalidade e geram monstros. Malucos que criam a destruição. Malucos que matam e que mentem. Malucos que amam e que morrem. O que resta é ser o maluco que espera, o maluco que desiste, o maluco que enlouquece.
E não hesito, deixo que aconteça. O meu inconsciente esta sempre me dizendo o que fazer, e as vezes ele me surpreende, não me deixando lembrar. Eu não controlo minha vida, e não sei quem a controla, não entendo minha existência, e não entendo meus pensamentos. Não sei, por fim, se algum dia já pensei, ou se estou pensando.
Só sei que escrevo fragmentos de minha mente... e assim registro minha rota, meu karma. E não importe o que eu faça, ou o que eu escreva... o surrealismo da minha existência continuará a me perseguir... seja em São Paulo, seja nas Bermudas, seja no Egito, seja onde for... ele estará lá. E você? Onde estará?

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