sexta-feira, 1 de novembro de 2019

The One That Don't Know Nothing

E não estou falando do John Snow...
2019 está sendo provavelmente o ano mais longo do milênio... prova disso é uma segunda postagem no blog no mesmo ano...
Atualizando rapidamente vocês... eu ainda não conclui o curso (tamo indo, ainda pode rolar esse ano)...
2 grandes amigos tiveram filhos e eu já me sinto na crise da meia idade (wtf I'm doing in this Earth?)... inclusive um deles teve exatamente hoje, no mesmo dia do seu aniversário... acho isso lindo e poético...
Mas eu vim falar de não saber de nada, não é mesmo?
Bom... esse ano talvez devesse estar marcado por uma decisão enfim tomada... a de tirar a CNH... terça passada eu acabei o processo, categoria AB... e bom deixar o registro aqui... eu NUNCA, absolutamente NUNCA na minha tosca vida tinha ficado tão nervoso assim para fazer uma prova... fiquei quase 1h tremendo depois de sair do carro... foi punk... mas na de moto foi mais de boa...
Mas ué, como assim não sabe se tá ai aprendendo? Bom, quanto mais aprendemos menos sabemos, não é mesmo? E se tem uma coisa que esse processo me mostrou é que você tira carta pra sair sem saber porra nenhuma... se eu pegar um carro eu bato ele, se pegar uma moto eu não sei nem sair da primeira marcha... ai você percebe que quanto mais se vive menos se sabe, maior verdade que a filosofia já chegou...
Tanto que fico me perguntando... 33 anos (eu passei o ano todo com 33, então até que enfim os 33 estão chegando de verdade) e ainda não aprendi as coisas mais básicas... 
Bom, só poderia estar falando das correntes da vida... aquelas que parecem não fazer mal, que te ajudam a prender ideias, a manter as coisas seguras, a te apoiar num momento qualquer... mas quando você menos espera elas estão entrelaçadas no seu corpo, como uma anaconda pressiona todo seu corpo, te deixa ansioso, inquieto, desesperado... até que ela chega no seu coração e aperta tanto, tanto, que ele fica miúdo, tristonho, perde a esperança de um dia se soltar novamente.
E então você está lá, pensando o tempo todo em como tirar as correntes, mas se pega acariciando-as ao invés de forçá-las para fora... frias, duras, irredutíveis... e você ainda toma cuidado para não machucá-las... as vezes você se vê livre delas, consegue andar livremente, mas em todo lado que olha lá está... num portão, numa bicicleta, num camelô... as correntes não te deixam esquecê-las... e você começa a se perguntar como chegou nisso, o que justifica isso?
Seria o desejo intenso por aquela vida livre, pedalando pelo mundo, desapegando de qualquer material ou pessoa diretamente proporcional a resposta de acorrentar-me nessa realidade inócua?
Ai os detalhes começam a desabrochar... a vontade de comprar uma moto... o amor crescente por músicas de raiz... o retorno da busca pela natureza... pela independência... essa necessidade de mostrar que eu não posso simplesmente ser acorrentado, que a corrente não deve me impedir, e sim me ajudar... mas os dias seguem sem que eu consiga dar um passo livre delas... e o que antes parecia apenas elos utilitários numa sequencia lógica agora representam elos da minha alma, elos de sonhos, de passados, presentes e futuros. Elos que são tão belos quanto o desabrochar de uma rosa, tão serenos como a brisa da primavera, tão doce quanto o mel, tão macio como a areia fina do litoral virgem... mas juntos continuam uma corrente, uma corrente que me permeia mas não me toca. Que me prende mas não me vê. Que me sufoca mas não me fala. Um corrente que segue sendo o que é, sem se importar, sem olhar pra trás, sem compreender o estrago de cada dia... uma corrente que, se pudesse escolher um único elo, seria o de seu sorriso, guardaria esse elo para sempre, me confortando em sua simplicidade, em sua capacidade de expressar o tipo de vida que almejo. Mas de tantos elos não me resta mais nada se não aceitar, que de toda essas correntes da vida, jamais terei o cadeado.