domingo, 14 de novembro de 2010

Vida de gado!

Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber...
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer...

Êeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado, Êh!
Povo feliz!...

Estou eu aqui novamente.
É difícil escrever aqui. Principalmente quando a mudança de humor é tão rápida... é como se minha mente pedisse para que eu me dividisse em dois, assim cada um poderia livremente tratar um tema.
Citei Zé Ramalho no começo desse post, e agora escuto Elis Regina, estou meio nacional hoje, apesar de estar ouvido de tudo.
Acho justo citar um momento legal nesses últimos meses em vista do assunto musica. Fui assistir a Orquestra Paulista de Viola Caipira no Memorial Da América Latina numa sexta a noite, e tudo que posso dizer é que foi um dos melhores shows da minha vida.
Mas continuando o foco... comecei a escrever aqui porque iria usar esse trecho da música para escrever meu primeiro post no blog da rede que o Eliel criou para o LiGEA, mas no fim das contas não posso ainda então resolvi escrever essa coisa mais informal aqui.
Como sempre andei relendo algumas coisas que tinha escrito por aqui, e como sempre ainda acho que minha vida é basicamente escrever e ler o que escrevo, todo resto não parece fazer muito sentido...
É por isso que estou aqui escrevendo... todo o resto não ajuda tanto quanto escrever aqui... ou em qualquer outro lugar que guarde pra sempre meus pensamentos e meus sentimentos... não adianta ficar gastando horas e horas conversando com um milhão de pessoas que não fazem a menor idéia do que eu quero dizer ou sinto quando falo sobre minha vida... por isso é razoável eu falar para mim mesmo... depois eu me entendo...
Assim como eu sei que nesse momento ninguém, mais ninguém mesmo pode ouvir o que tenho a dizer... ninguém pode me ajudar nessa angustia, nesse desespero, nesse desejo...
Então do que adianta ficar tirando o precioso tempo das pessoas? Do que adianta encher a cabeça e o coração de idéias ou informações que não vão te dar momentos que só as coisas mais simples.
Por exemplo, estou ouvindo Premeditando o Breque, a música O Destino Assim O Quis (Lencinho) que eu acho ótimo, adoro o humor, a rima, e o ritmo... quem mais pode compartilhar isso comigo? Quem mais poderia estar aqui aproveitando e ouvindo com o gosto que ouço essa diversificação musical e esse sentimento de pura nostalgia antropológica?
É por isso que acabo sendo introspectivo, egoísta, individual... porque metade do que gostaria de compartilhar com outra pessoa é utopia...
Assim como foi utopia tentar dividir Móveis Coloniais de Acaju... não é mesmo?
Foi, e nunca fez sentido tentar... mas... então porque?
Estou entre o choro e o sorriso aqui, entre o desespero e a completa paz... me sinto naquelas longas datas onde o sentimento de se sentir mal, onde mal não seria doente ou com dores ou desconfortável, mal seria uma angustia, um sufoco no peito, o ar pesado, a mente pesada, calafrios atrás da pescoço... é uma sensação que fica na tênue linha de amar e não amar... entre estar bem com um sentimento e estar mal com o mundo...
É assim que acabo vivendo sempre... desejando mais o que é um sonho, uma ilusão promissora do que conquistando sensações e sentimentos de fato...
A vontade de ter alguém pelo simples fatos de não ter ninguém... quanto mais sozinho e quanto mais estou isolado e sem ninguém maior minha vontade de ter o inalcansável, mais prazeroso é pensar em abraçar alguém, mais gostoso fica me imaginar sentindo o cheiro de um perfume, mais quero pegar a mão e olhar nos olhos e dizer: Que bom que está aqui, está tudo bem agora.
E o pensamento brinca comigo, passeando por várias pessoas, sem critérios, sem razões... apenas o desejo de não permanecer sozinho...
Mas e essa vontade de gritar? E essa vontade de entender essas besteiras insólitas na minha cabeça?
Será que poderei me ajudar? Será que irei me entender?
É estranho, não consigo tirar isso da garganta, isso me sufoca... e não consigo soltar isso... será que nem pra mim mesmo eu consigo resolver isso?
É tudo uma questão de aceitar... é tudo uma questão de compreender... mas como fazer isso com algo sem a menor razão? É tudo emoção, e da onde essa emoção?
Simplesmente emoção... fecho os olhos e me sinto nesse lugar distante... nessas viagens complexas... cada cena é detalhada, feita sobre metida para agradar minha insanidade pontuada pelo sabor doce de mel...
Amor, amor... cada vez mais perdido em minha mente... só consigo agora definir o que realmente importa para mim e o que realmente quero... e analisando a epistemologia da palavra realmente, quero dizer, de fato, o que é real, o que eu sei fazer parte da realidade, e não das minhas ilusões... claro que no meu conceito do que é viver estou mais vivo em meus sonhos e minhas projeções do que em minha realidade propriamente dita.
Você me entende, não é mesmo? Talvez não, talvez nem relendo isso entenda... mas você já sentiu isso... e isso já me coloca mais perto de um conforto projetado na mesma realidade que existo...
Eu gostaria de continuar escrevendo aqui por mais horas... mas não consigo nem ser honesto comigo mesmo... no fundo eu nunca fui muito, sempre escrevi em enigmas... no começo isso me dava uma certa liberdade, eu gostava de poder brincar com o meu intimo, com as divisões de privacidade e público... achava que apenas pessoas mais importantes poderiam ter a grande chance de conhecer minha essência... talvez essa tenha sido minha maior mudança... e acho que por isso diminui tanto meus textos... porque percebi que mesmo quando alguém nos conhece melhor, quando alguém vê sua essência e você se abre por completo... ainda sim, você continua sendo igual, uma parte da massa... e o que te torna tão singular para si mesmo é visto como meramente 'estranho' para outra pessoa... e ai você não é especial nem para alguém, e nem para si...
Os valores seguem mudando... e você se vê perdido e isolado... sem ter certeza de qual seria o melhor percurso para seguir...
Enfim... estou com sono... vou terminar minhas filosofias existenciais na cama...
Parabéns por mais um dia... parabéns por mais um texto... e parabéns por tudo que fez e conquistou até hoje... porque estar vivo, e estar se colocando no mundo é algo válido, algo admirável... é o caminho para se tornar, de modo reverso... um sujeito desmarcado... um sujeito infeliz... lembrando que a infelicidade é a ausência de felicidade, e não implica exatamente em tristeza... pense nisso!
Boa noite e boa sorte...