sábado, 12 de janeiro de 2008

Narração de mais um dia... ao som do mestre Sivuca.

Foi interessante... além da situação Geraldo Vandré, também teve um monte de distribuições... estojo, Club Social, e uma barrinha de cereal... ah é, e a caneta... absurdo como os cursinhos e faculdades pagas tentam te comprar... ¬¬’
Putz, não estamos à venda... eu ein...
Quer dizer... depende quem né... enfim... a prova começa com uma questão interessante, e termina com questões literárias... pornografia... mas no geral fui bem, e na redação... só deus sabe... no meio de tudo isso uma folha de redação de um aluno duas carteiras atrás de mim sai voando pela janela... nada parece ser natural... bom, afinal, eu estar lá não é natural... mas não posso reclamar de tudo... a vista da janela estava realmente boa, sentado bem ao lado... parava inúmeras vezes para pensar e ficava a admirar o cenário estranhamente ameaçador... não pelo perigo da cidade... é como se os prédios me olhassem fazer a prova, e me desafiassem, rindo da minha capacidade, duvidando da minha vontade, a mente voando pelos edifícios ajudou a manter a calma, e o raciocínio não foi tão ruim, após tomar chuva no dia seguinte, e estar completamente enfurecido a menos de 18 horas atrás... eu me sentia relativamente bem... não muito, de fato, mas quase que me sentia em casa... o tênis emprestado com detalhes vermelhos também me distraiam bastante, olhava para eles e achava graça de mim mesmo. Mas então acabou, 10 minutos antes do tempo final se esgotar levanto fracassado para entregar a prova, ainda não sabia que seria a única em que obtive considerável êxito, e que as 3 perguntas em branco eram pouco perto do que viria no dia seguinte...
Descendo as escadas encontro um japonês com um garrafa da água toda escrita em japonês... penso por alguns segundos na possibilidade de empurrar ele ver se ele morria e, sendo assim, eliminaria um concorrente... mas me limitei a acreditar que um dia estaria na mesma posição dele, confiante, com tudo fresco na cabeça, pronto para o desafio. Liguei para o Caio em seguida, mas ele não poderia vir, liguei muito encima da hora. A idéia de ir para a Paulista ver um filme logo se foi, e ir ao Centro Cultural sozinho também não tinha muita graça. Acabei voltando para o metrô Vergueiro, mas antes vi uma lanchonete e aproveitei para ir ao banheiro. E já que estava com fome pedir um misto quente e um suco de abacaxi.
Logo estava de volta ao subsolo, finalmente senti a sensação de distância justificada nas pessoas ao meu lado. Mesmo sendo domingo, dava para ver com clareza o que cada expressão queria dizer, o silêncio, os olhares, os gestos, todos tinham um apelo de carência. O vírus de uma das maiores metrópoles se instalava lentamente no meu corpo, a multidão de solitários se multiplicava para tentar mostrar o que ainda não posso ver com clareza. Na Luz, mesmo indo de pé até Morato, não vi o tempo passar, minha mente me bloqueia os pensamentos desse fim de tarde, o domingo perde lentamente sua luz e logo a noite vem tomando forma. O trem para Jundiaí também vem lotado, cansado, decido pegar o ônibus até a casa da minha tia, chegando enfim, percebo outro estranho ocorrido. Não me sinto em casa, nem no destino final. Mas prontamente me troco, e me deito no sofá por um tempo, vejo programas bastante inúteis na TV aberta, e enfim deito na cama para dormir. Durmo bem, melhor do que imaginaria, e só acordo às 7 da manhã. Volto a dormir, ainda tinha uma hora e 7 minutos para descansar. Começa de novo o processo de preparação, tomo um banho rápido, troco de roupa, e começa a apreensão pelo horário. Finalmente o relógio marca 9:30. Vou pegar o ônibus, que dessa vez passa mais cedo por ser segunda, e as 10 já estou na Ferroviária. Dessa vez sem intervenções divinas, eu simplesmente pego o trem e começo novamente o caminho. O trem vazio por causa do horário, nenhuma peculariedade no vagão, e então a baldeação para o trem para a Luz, e também sossegado, resolvo por o fone no ouvido, e aprecio as músicas que eu nunca ouvi direito, durmo, não de uma vez, mas de pouquinho, e logo percebo que dormi mesmo, já estava próximo da Lapa, observo o trem que está assustadoramente mais lotado, continuo até a Luz, nada de Gatorade dessa vez, Vergueiro, e então a grande cidade se revela novamente, segunda, o movimento indica uma reinício na vida dos paulistanos, mas é um movimento controlado, amigável, me sinto estranhamente bem, me sinto em casa. Porém, ainda sim, nervoso, e chego no local da prova cedo demais, vejo o papel na parede e ele contem algo diferente, continua sendo a mesma escola 7, o mesmo andar 2, mas o número da sala agora é 17. Estranho, pensei que ficaria na mesma sala os 4 dias. Que até conheceria alguém e poderia conversar um pouco para relaxar e tirar a tensão das provas, bom, logo analiso e vejo que faz sentido e não teria como outro jeito. Espantado, percebo que em minhas mãos, os folhetos entregues pelas moças eram mais do que propaganda, era as respostas da prova de português do dia anterior, os 20 minutos que faltam para abrir o portão da faculdade é preenchido com minha leitura, e quase felicidade, em ver que bastante coisinha eu acertei, e que havia uma boa possibilidade se conseguisse um desempenho razoável nas outras provas. Mas confiança e otimismo não são bons, nem saudáveis, não quando você não os merece. Assim que abriu o portão eu entrei e fui direto para a sala, esqueci da minha sede e da vontade de i r no banheiro, simplesmente entreguei o RG, a mulher perguntou se eu queria mesmo entrar, e que depois não poderia mais sair... que assim seja, nem pensei e disse que tudo bem. Mas não estava, sentei na parede dessa vez, oposto a janela, que não mostrava uma São Paulo tão inspiradora, o ar condicionado soltando seu vendo gelado bem em cima de mim. Os minutos passando tão lentamente quando possível, a fome vindo, e a vontade de pedir água para alguém aumentando. Mas logo começa a prova novamente, logo a Química com quem tanto lutei no meio do ano surge em um papel desafiador. A mulher gentilmente pede para que eu retire o boné, e logo eu começo a folhear aquela prova, com coisas que supostamente deveria saber e responder. Leio tudo, penso, e concluo: Não, não sei absolutamente nada.

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